segunda-feira, 6 de julho de 2009

Expectativa e frustração na busca de novos relacionamentos

Nota-se com freqüência preocupante um padrão cíclico de expectativa e frustração nas pessoas que estão em busca de um relacionamento.

Esse ciclo geralmente começa no final de semana, quando surge o nov@ candidat@ a namorad@ e, quase sempre, termina dois ou três dias depois.

Costuma ser acompanhado por comentários do tipo, “ninguém está mesmo a fim de nada sério” ou por conclusões definitivas a respeito da impossibilidade de se constituir um relacionamento estável atualmente.

O que também nota-se nessas situações é a dificuldade que essas pessoas têm de examinar, com a atenção necessária, sua participação nessa equação.

É sempre mais fácil apontar as falhas dos outros e culpar-se pelo destino de solidão a que parecem condenados. Ora, construir e manter um relacionamento sólido e de longa duração não é fácil para ninguém, tanto faz hetero ou não-hetero.

Não se trata da dificuldade a médio e longo prazo, comum a quase todos os relacionamentos, mas sim de um ciclo recorrente e de curtíssima duração.

Penso que são muitas as razões pelas quais isso acontece.

1. O peso da aparência física no conjunto da atratividade.

Embora, muito se fale sobre a importância de outras características envolvidas na compatibilidade entre duas pessoas (por exemplo, características de personalidade e de relacionamento), a excitação é vista como fator decisivo.

Se não há uma atração física imediata, nada a fazer. Não importa que os dois tenham passado horas na NET ou ao telefone, falando sobre seus interesses comuns, afinidades e desejos.

Por trás dessa atitude, se escondem as crenças de que o sexo é o elemento preponderante na relação, de que a “química” sexual não pode ser aprimorada ao

longo do tempo e de que o tesão é algo objetivo e fixado a certos padrões.

2.A força do romantismo associada às fantasias da alma gêmea e do “príncipe encantado”.

Basta que eu encontre alguém com os atributos objetivos que considere ideais para que eu deposite nele todas as minhas expectativas e decida “investir” no futuro comum.

Dessa forma, deixo de me relacionar com uma pessoa de carne e osso e passo a me relacionar com a minha projeção do namorad@ ideal.

Ao invés de buscar conhecer o outro como ele@ realmente é, fico tentando enquadrá-l@ ao meu modelo idealizado.

3.A baixa resistência à frustração.

É só um dos atributos do outro não corresponder exatamente ao modelo esperado, ou a primeira dificuldade mais séria surgir, para que eu conclua que aquela não é ainda a pessoa certa. Rompo com ela e recomeço o ciclo de busca.

4.A dificuldade de expressar abertamente sentimentos e de discutir honestamente os problemas mais complexos.

Se considerarmos que essa é uma característica comum aos homens, independente da orientação sexual, a situação tende a ser mais complicada quando se trata de dois homens.

É muito mais fácil abandonar o barco e partir para outra do que ter a coragem e a disposição para enfrentar diretamente os problemas (entre heteros e não-heteros do sexo masculino, um dos assuntos mais difíceis de serem discutidos abertamente, e que gera muita frustração é o da monogamia).

5.A dificuldade de “conter” o desejo sexual sob certas circunstâncias.

Aceitar o desejo como impulso positivo e aprender a conviver com ele de forma saudável, controlando-o e não sendo controlado por ele é, às vezes, muito difícil para os homens.

Ainda que não haja nada errado em se ter uma vida sexual livre, certos padrões sexuais acabam sendo incompatíveis com um relacionamento estável.

Todos esses fatores enumerados costumam ter causas subjetivas mais profundas, geralmente associadas às questões da auto-estima, aos mapas de amor familiares e às experiências na formação de vínculos em geral.

De qualquer forma, reconhecer em si esse padrão recorrente de expectativa e frustração pode ser o começo de uma transformação pessoal de grande qualidade.